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Maurício Oliveira – Assessor econômico
Nos últimos anos, houve um crescimento da presença de idosos no mercado de trabalho, acompanhando o envelhecimento do país. Sem aposentadoria (ou com remuneração baixa), e obrigados a continuar ativos devido à crise econômica, o Brasil já tem 7,7 milhões de trabalhadores idosos (com mais de 60 anos de idade) e que se encontram no grupo de risco do coronavirus. O percentual de idosos que exerce alguma atividade considerada essencial (assistência à saúde, segurança, transporte, serviço bancário etc) é de 34%, dentre o total dos que trabalham durante a pandemia. Entre as mulheres, esse percentual é de 37%. Ou seja, milhares de idosos estão diretamente expostos ao contágio do coronavirus para não serem demitidos. Foram obrigados a continuar trabalhando. Quanto aos impactos, durante a pandemia do novo coronavírus, 36% dos idosos brasileiros que ainda trabalham ficaram sem rendimentos ou tiveram grande diminuição na renda. E entre aqueles que não possuem vínculo empregatício, esse número sobe para 55%. Estas são algumas conclusões da ConVid - Pesquisa de Comportamentos, coordenada pela Fundação Fiocruz, que tem buscado investigar como a Covid-19 tem afetado a vida dos brasileiros. Os primeiros resultados da Pesquisa apontam para questões como o aumento de problemas relacionados à saúde mental da população. Os dados obtidos por essa primeira etapa foram analisados pelo Grupo de Informação em Saúde e Envelhecimento (Gise), da Fiocruz, que agora apresentam alguns pontos importantes relativos às pessoas com 60 anos ou mais. Os pesquisadores da Fiocruz indicam, por exemplo, como é alto o percentual de idosos que tinham trabalhos remunerados antes da pandemia: 52,3%. É uma população que continua trabalhando para melhorar a renda e as condições de vida. O último censo estatístico do IBGE já havia apontado que os rendimentos de pessoas com mais de 60 anos são essenciais para cerca da metade da renda dos domicílios brasileiros. Em geral, a seguridade social diminui com a idade: 42% dos idosos trabalham sem vínculo empregatício. Entre as mulheres a desvantagem é maior: 49%, ou seja, uma a cada duas idosas que trabalha não tem vínculo formal. Entre os homens, o percentual é de 37%. Os idosos não apenas sofrem maior risco letal ante a Covid-19 em si, como também pelo enfraquecimento da seguridade social na fase de vida em que mais precisariam de proteção. O impacto negativo da pandemia na renda domiciliar afetará ainda a alta proporção de domicílios que dependem da força de trabalho dos idosos. Outros resultados da Pesquisa mostram também que, a cada 10 domicílios, quatro têm pelo menos um morador idoso. Dezoito por cento deles moram sozinhos. Assim, o isolamento social de todos e a rede de assistência social e de atenção básica é fundamental para garantir a saúde de toda a população. Cuidar do idoso é cuidar de todos, é cuidar do país. A flexibilização do isolamento social para atividades econômicas não essenciais, que já está em andamento, vai tornar muito perigosa a volta ao trabalho desses milhões de idosos que concentram seus empregos no setor de serviços, especialmente no comércio onde as condições de distanciamento são mais difíceis de funcionar. É necessário que haja políticas sociais, o governo não pode perder de vista a importância de aliar a manutenção do isolamento à garantia de suporte econômico aos idosos, já que muitos idosos sustentam suas famílias. Eles não podem ser obrigados a ir para a rua, isso é mandá-los para a morte.
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